sexta-feira, 13 de julho de 2012

ou isto ou aquilo


Aparando o que será meu primeiro livro, lembrei de um poema recorrente em minha vida, o Em meu ofício ou Arte taciturna. Lembrei, porque tinha lido um texto do mexicano Manuel Iris sobre funções da poesia, e lendo meus textículos, pensava como serão (ou não) recebidos. Considerei minha idade, minhas aparições e apartes como poeta, mas, o importante destas divagações foi a relembrança do porquê de fazer poesia, e de se fazer poesia nesta cidade, neste estado, país, continente... galáxia, etc. 

Eu que vezoutra leio um comentário ou outro dos 'doutores', 'cânones', 'monstros' sobre o que é ou não a poesia, e de que forma a tradição se descobre aqui ou acolá, tenho minhas reservas com paroxismos, embora respeite o dizer de cada um. E penso também que, no fim das contas, só teremos a responder a nós mesmos, se gostando ou não do que alguém escreve. Não à toa, faz meio que uns 400 anos que a poesia se tornou, essencialmente, um feito social, porém solitário, e nem sempre sociável

Diria Thomas, é para a vida estas palavras que deslizo, é pra criar beleza, é pra chamar atenção, é para o ego!, embora como falei acima, paroxismos são estranhos. Escrita esta obra por vir, espero que ela cumpra sua função: continuar a tradição de propor situações e artefatos humanos noutro sistemas de coisas e ideias (Iris). Mesmo sendo um poeta sujo de albume, existem questões de talento e técnica que se jogam por cima da expressão deste sistema para-tecnocrático e oficial (a Arte em geral, né?), e creio que isto é a real preocupação dos acadêmicos. 

De qualquer modo, dentro do poema que seja, mandando ou não a tradição ir-se à merda, pensando ou não em funções para a poesia (muito mais questão do zeitgeist que dela em si), o lugar no mundo do Artista é sempre levantar as saias, socar um cretino, enfim, cometer crimes, em níveis variados, mesmo nos da ingenuidade. A função da poesia é agir contra (por vezes, a favor) o fluxo de erros que nos impedem de ser feliz, agir contra a clausura da convenção moderna, fazer perder o ar como o faz um beijo roubado [mas sempre falhando em gravar isto no papel sulfite].


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